"Não aceitar as coisas como elas são, mas entendê-las, mergulhar nelas, examiná-las. Use o seu coração, a sua mente e tudo o que você tem pra descobrir, um jeito diferente de viver. Mas isso depende de você e de mais ninguém. Porque nisso não há professor, nem aluno, não há líder, não há guru, não há mestre, não há salvador, você mesmo é o professor, o aluno, o mestre, o guru, o líder, você é tudo!E entender, é transformar o que há!"
(Krishnamurti)
segunda-feira, 2 de março de 2009
A nova proposta - Krishnamurti
terça-feira, 17 de fevereiro de 2009
A poesia - Manoel de Barros
"A poesia, a poesia está guardada nas palavras
É tudo que eu sei
Meu fado é não entender quase tudo
Sobre o nada eu tenho profundidades
Eu não cultivo conexões com o real
Para mim poderoso não é aquele que descobre o ouro
Poderoso pra mim é aquele que descobre as insignificancias do mundo e as nossas
Por essa pequena sentença me elogiaram de imbecil
Fiquei emocionado e chorei
Sou fraco para elogios."
(Manoel de Barros)
sexta-feira, 23 de janeiro de 2009
terça-feira, 13 de janeiro de 2009
O ato Poético - Eugénio de Andrade
O acto poético é o empenho total do ser para a sua revelação. Este fogo do conhecimento, que é também fogo de amor, em que o poeta se exalta e consome, é a sua moral. E não há outra. Nesse mergulho do homem nas suas águas mais silenciadas, o que vem à tona é tanto uma singularidade como uma pluralidade. Mas, curiosamente, o espírito humano atenta mais facilmente nas diferenças do que nas semelhanças, esquecendo-se, e é Goethe quem o lembra, que o particular e o universal coincidem, e assim a palavra do poeta, tão fiel ao homem, acaba por ser palavra de escândalo no seio do próprio homem. Na verdade, ele nega onde outros afirmam, desoculta o que outros escondem, ousa amar o que outros nem sequer são capazes de imaginar. Palavra de aflição mesmo quando luminosa, de desejo apesar de serena, rumorosa até quando nos diz o silêncio, pois esse ser sedento de ser, que é o poeta, tem a nostalgia da unidade, e o que procura é uma reconciliação, uma suprema harmonia entre luz e sombra, presença e ausência, plenitude e carência.
Eugénio de Andrade, in 'Rosto Precário'
Eugénio de Andrade, in 'Rosto Precário'
quarta-feira, 24 de dezembro de 2008
O criador soube repetir a imagem da sua própria condição - Albert Camus
Considera-se, muitas vezes, a obra de um criador como uma sequência de testemunhos isolados. Confunde-se então artista e literato. Um pensamento profundo está em perpétua formação, esgota a experiência de uma vida e nela se modela. Do mesmo modo, a criação única de um homem fortifica-se nos seus rostos sucessivos e múltiplos, que são as obras. Umas completam as outras, corrigem-as ou alcançam-as, contradizem-as também. Se alguma coisa termina a criação, não é o grito vitorioso e ilusório do artista, ofuscado: «Disse tudo», mas a morte do criador que fecha a sua experiência e o livro do seu génio.
Esse esforço, esta consciência sobre-humana, não aparece forçosamente ao leitor. Não há mistério na criação humana. É a vontade que faz esse milagre. Em todo o caso, não há verdadeira criação sem segredo. Sem dúvida, uma sequência de obras pode não passar de uma série de aproximações do mesmo pensamento. Mas podemos conceber outra espécie de criadores que procederiam por justaposição. As suas obras podem parecer sem relação entre si. Em certa medida, são contraditórias. Mas, colocadas de novo no seu conjunto, denunciam uma ordem. É, pois, da morte que recebem o seu sentido definitivo. Aceitam a sua luz mais clara da própria vida do seu autor. Nesse momento, a sequência das suas obras não é mais do que uma colecção de fracassos. Mas, se esses fracassos conservam todos a mesma ressonância, o criador soube repetir a imagem da sua própria condição, fazer ressoar o estéril segredo de que é detentor.
Albert Camus
terça-feira, 23 de dezembro de 2008
A destruição de tudo - Vergílio Ferreira
É a palavra de ordem para o homem de hoje. Destruir. Tudo. Os deuses, as artes, diferenças culturais, ou a só cultura, diferenças sexuais, diferenças literárias ou a só literatura que leva hoje tudo, valores de qualquer espécie, filosofias, o simples pensamento, a simples palavra - tudo alegremente ao caixote. Entretanto, ou por isso, proliferação das gentes com a forma que lhes pertence, devastação da sida, que foi o que de melhor a natureza arranjou para equilibrar a demografia, droga dura para se avançar na vida mais depressa, criminalidade para esse avanço, juventude de esgotos nocturnos, velhos em excesso e que não há maneira de se despacharem e atulham os chamados lares de idosos ou simplesmente os depósitos em que são largados até mudarem de cemitério, politiqueiros que têm a verdade do erro que se segue e o mais e o mais. É tempo de cair um pedregulho como o que acabou com os dinossauros há sessenta milhões de anos e de poder dar-se a hipótese de a vida recomeçar. Até que venha outra vez a destruição e Deus definitivamente se farte do brinquedo. Entretanto vê se vês ainda alguma flor ao natural e demora-te um pouco a admirar-lhe a beleza e estupidez.
Vergílio Ferreira, in 'Escrever'
segunda-feira, 15 de dezembro de 2008
A beleza feminina - Graciliano Ramos
Tão doente quanto as flores mal cheirosas! Na hora em que podia prestar socorro à vida, a beleza feminina não tem argumentos. Não vira bóia que se atira ao náufrago. Já serviu (não serve mais) de recurso retórico para expressar o desejo carnal. Hoje, é foice imantada pelo diabo e afiada pelo espectro da morte. Deixo-me seduzir pelo fio de sua navalha, como quem solta um grito. De redenção!
(Graciliano Ramos)
(Graciliano Ramos)
sexta-feira, 12 de dezembro de 2008
Noção de tradição - Renata Rosa
"pela tradição dos seus ancestrais, o toque da mão faz a guerra e a paz..."
renata rosa
Despertar - Fernando Cardoso
Torna-se vivo com a paz que surge de um ideal;
Nem sempre convicta, nem sempre sem dor;
será sempre PAZ.
Fernando Cardoso
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