Pelo espaço azul do céu já frio. Mas é possível que não. Na realidade, bebo e a cerveja está certa com uma sede que só havendo calor. O que há é outra coisa. O que há é esta constrição de nós, este aperto, esta aflição. O sol desce. Já o tinha dito. Tenho de o dizer mais vezes à medida que for descendo. À medida que desce, o que está no extremo do horizonte fica para cá do extremo. A gente estende-se toda no olhar. É perigoso. A gente desfaz-se em ausência. Esta constrição. Este aperto. A ilusão do frio vem daí...
O encontro com a adversidade é subitamente interessante. Esse encontro nos diz antes de qualquer argumento que pudéssemos usar: a vida é maior do que você. (Sávio)
Hello darkness, my old friend, I've come to talk with you again, Because a vision softly creeping, Left its seeds while I was sleeping, And the vision that was planted in my brain Still remains Within the sound of silence.
In restless dreams I walked alone Narrow streets of cobblestone, 'Neath the halo of a street lamp, I turned my collar to the cold and damp When my eyes were stabbed by the flash of a neon light That split the night And touched the sound of silence.
And in the naked light I saw Ten thousand people, maybe more. People talking without speaking, People hearing without listening, People writing songs that voices never share And no one dared Disturb the sound of silence.
"Fools" said I, "You do not know Silence like a cancer grows. Hear my words that I might teach you, Take my arms that I might reach you." But my words like silent raindrops fell, And echoed In the wells of silence
And the people bowed and prayed To the neon god they made. And the sign flashed out its warning, In the words that it was forming. And the sign said, "The words of the prophets are written on the subway walls And tenement halls." And whisper'd in the sounds of silence.
"E às três da madrugada, estamos todos de relógio em punho, uma mão invisível deu o sinal - e a revolução começou. Pelo ardor humano da justiça, pela cólera pelo insuportável do sonho, pelo gosto de mexer, pelo desejo de estar a horas à passagem da História, pelo prazer de também ficar no retrato comemorativo, por não haver nada que fazer, pela chatice da vida, pela necessidade de tomar banho e não cheirar mal, por se querer aproveitar a esperança enquanto ainda está limpa, sem comentário das moscas, pelo gosto de mudar de fato e de camisa e talvez mesmo de cuecas, por uma cerca macaqueação da divindade criadora, pela alegria de reinventar a manhã quando o dia já vai adiando, por um certo excesso de energia disponível, pela força da fé, pelo remorso, porque sim - a revolução começou. Era uma noite de inverno, geométrica, nua. Limpa."
Texto escrito por Alceu Amoroso em no meio do século XX (no auge da União Soviética e com filósofos humanistas importantes vivos como Sartre) "O humanismo marxista está condenado a êste dilema: para manter a ordem, precisa suprimir a liberdade, como neste momento o faz a sua caricatura staliniana. Se restitui ao homem a liberdade, a ordem não tardará a perigar, já que ele, que nessa filosofia não reconhece outros limites senão os sociais, logo compreenderá o contraste entre a coação absoluta da estrutura social, à qual está submetido como um objeto, e as exigências naturais da liberdade. Em face dessa ameaça à ordem, será a liberdade de novo sacrificada. E desse círculo vicioso não sairá jamais o humanismo inumano do marxismo."
Alceu Amoroso Lima, in 'O Existencialismo e outros mitos do nosso tempo'