domingo, 6 de setembro de 2009

Sound Of Silence - Paul Simon


Hello darkness, my old friend,
I've come to talk with you again,
Because a vision softly creeping,
Left its seeds while I was sleeping,
And the vision that was planted in my brain
Still remains
Within the sound of silence.

In restless dreams I walked alone
Narrow streets of cobblestone,
'Neath the halo of a street lamp,
I turned my collar to the cold and damp
When my eyes were stabbed by the flash of a neon light
That split the night
And touched the sound of silence.

And in the naked light I saw
Ten thousand people, maybe more.
People talking without speaking,
People hearing without listening,
People writing songs that voices never share
And no one dared
Disturb the sound of silence.

"Fools" said I, "You do not know
Silence like a cancer grows.
Hear my words that I might teach you,
Take my arms that I might reach you."
But my words like silent raindrops fell,
And echoed
In the wells of silence

And the people bowed and prayed
To the neon god they made.
And the sign flashed out its warning,
In the words that it was forming.
And the sign said, "The words of the prophets are written on the subway walls
And tenement halls."
And whisper'd in the sounds of silence.

Paul Simon

Youtube:



sábado, 5 de setembro de 2009

A revolta pelo ato - Vergílio Ferreira


"E às três da madrugada, estamos todos de relógio em punho, uma mão invisível deu o sinal - e a revolução começou. Pelo ardor humano da justiça, pela cólera pelo insuportável do sonho, pelo gosto de mexer, pelo desejo de estar a horas à passagem da História, pelo prazer de também ficar no retrato comemorativo, por não haver nada que fazer, pela chatice da vida, pela necessidade de tomar banho e não cheirar mal, por se querer aproveitar a esperança enquanto ainda está limpa, sem comentário das moscas, pelo gosto de mudar de fato e de camisa e talvez mesmo de cuecas, por uma cerca macaqueação da divindade criadora, pela alegria de reinventar a manhã quando o dia já vai adiando, por um certo excesso de energia disponível, pela força da fé, pelo remorso, porque sim - a revolução começou. Era uma noite de inverno, geométrica, nua. Limpa."

Vergílio Ferreira, in 'Nítido Nulo'

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Sobre um de nossos humanismos - Alceu Amoroso Lima


Texto escrito por Alceu Amoroso em no meio do século XX (no auge da União Soviética e com filósofos humanistas importantes vivos como Sartre)
"O humanismo marxista está condenado a êste dilema: para manter a ordem, precisa suprimir a liberdade, como neste momento o faz a sua caricatura staliniana. Se restitui ao homem a liberdade, a ordem não tardará a perigar, já que ele, que nessa filosofia não reconhece outros limites senão os sociais, logo compreenderá o contraste entre a coação absoluta da estrutura social, à qual está submetido como um objeto, e as exigências naturais da liberdade. Em face dessa ameaça à ordem, será a liberdade de novo sacrificada. E desse círculo vicioso não sairá jamais o humanismo inumano do marxismo."

Alceu Amoroso Lima, in 'O Existencialismo e outros mitos do nosso tempo'

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Uma resposta - Sávio


O que eu sinto e penso quando caminho pelas ruas, é um resumo do que sinto e penso quando caminho pela vida toda. Eu carrego uma carga de tentativas, não sinto antes tamanha convicção como sentia na infância, quando os dragões das histórias eram vencidos na minha imaginação e eu só, dentro do quarto. O que sinto antes não me parece uma grande questão quando esses monstros ressurgem. Tenho tentado vencer grandes paradigmas, tenho tentado vencer grandes questões!

Estive numa investida contra as injustiças, estive também em investidas de outras reivindicações. Eu fui até a praça. Domingo de tarde. A cidade parada. Chegaram alguns poucos pra acompanhar, quase nenhum, como os que lerão essa postagem. O resto esteve sem motivo, sem razão que os levassem a se levantar. Toda a gente está contaminada com isso. Esqueceram-se dos dragões. Eu, como disse, não sinto antes o que venho a sentir em instantes de atitude. A adrenalina não vem com a decisão. A decisão está em outro patamar. O que eu carrego é a iniciativa. A vontade de experimentar. Talvez faltou o brilho que me fizesse desejar, mas nem tudo tem um artista que fizesse a comida parecer saborosa como na foto. Na verdade, as coisas que realmente interessam descobrimos tropeçando nelas, quando partimos pra outras. Ficamos no meio do caminho quase sempre, terminamos os pretextos, as atitudes verdadeiras estão perdidas esperando que demos a atenção devida.
(Sávio)

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

A tua calma me saudará - Pablo Neruda

Não me temas, não caias
de novo em teu rancor.
Sacode a minha palavra que te veio ferir
e deixa que ela voe pela janela aberta.
Ela voltará a ferir-me
sem que tu a dirijas,
porque foi carregada com um instante duro
e esse instante será desarmado em meu peito.

Pablo Neruda - trecho da poesia 'O Poço'.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Do guerreiro - Robert Musil


A política, a honra, a guerra, a arte, tudo o que há de mais decisivo na vida acontece para lá do entendimento. A grandeza humana tem raízes no irracional. Nem nós, os homens de negócios, agimos por cálculo, como talvez o senhor imagine. Nós - falo, naturalmente, daqueles poucos que se distinguem; os pequenos, esses continuarão a contar os seus tostões - aprendemos a ver as nossas ideias realmente bem sucedidas como um mistério que troça de qualquer cálculo. Quem não amar o sentimento, a moral, a religião, a música, a poesia, a forma, a disciplina, o código cavalheiresco, a liberalidade, a franqueza, a tolerância - acredite, nunca chegará a ser um grande homem de negócios. Por isso, sempre admirei a profissão do guerreiro; (...) todas as grandes coisas dependem das mesmas qualidades.

Robert Musil, in 'O Homem sem Qualidades'

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Cada vez mais indivíduo - Albert Camus

Mandar é respirar, não é desta opinião? E até os mais deserdados chegam a respirar. O último na escala social tem ainda o cônjuge ou o filho. Se é celibatário, um cão. O essencial, em resumo, é uma pessoa poder zangar-se sem que outrem tenha o direito de responder. «Ao pai não se responde», conhece a fórmula? Em certo sentido, ela é singular. A quem se responderia neste mundo senão a quem se ama? Por outro lado, ela é convincente. É preciso que alguém tenha a última palavra. Senão, a toda a razão pode opor-se outra: nunca mais se acabava. A força, pelo contrário, resolve tudo. Levou tempo, mas conseguimos compreendê-lo. Por exemplo, deve tê-lo notado, a nossa velha Europa filosofa, enfim, da melhor maneira. Já não dizemos, como nos tempos ingénuos: «Eu penso assim. Quais são as suas objecções?» Tornámo-nos lúcidos. Substituímos o diálogo pelo comunicado.

Albert Camus, in A Queda

quarta-feira, 8 de julho de 2009

A intimidade da presença - Vergílio Ferreira


"Vegetação seca no recorte das dunas, vejo-a, lembra-me a brisa de sal. Um barco passa quase à borda da água - será o de há pouco? um petroleiro talvez. Pesado, vagaroso, um friso de espuma ao corte da proa. Alegria marítima, o sol rasgado de horizonte a horizonte, espaço absoluto. E o azul vivo na grande pedra do mar. É o que sobretudo me comove, esta verdade original das coisas. Frescura intacta e nula, força íntima de ser - e o vazio da sua justificação. O mundo é vivo e alegre, luz virgem, e só eu o sei, acidental, aqui, um instante lúcido. O ser não se justifica, apenas é - sê apenas. Que a tua complicação e o jogo encravado e o erro imprevisível que só é previsível em marcha atrás,..."

Vergílio Ferreira in Nítido Nulo

Evidência paradigmática - Vergílio Ferreira


"Porque na realidade, não estou à espera de nada. A morte, decerto. Mas a morte não se espera - acontece. Como numa doença incurável, deve ser assim. Entre a condenação e a execução, nos breves minutos que sejam deve ser parecida. No mais pequeno intervalo cabe a vida toda e dentro da vida é-se eterno, não estou à espera de nada. Roça absoluta de si, o além dela é não, agora não. Pára, vazio de tudo, na dispersão ausente do teu olhar distraído. Na adstringente secura dos cigarros ininterruptos, do salgado dos tremoços e da maresia, na automação circular da sede que renasce da sede que se calou, como o triunfo que se esquece na razão de triunfar e que nunca triunfa, se bebesses? E um instante a paz regressa, intervalada no esquecimento do desassossego, a seguir."

Vergílio Ferreira in Nítino Nulo

sábado, 27 de junho de 2009

The Dance - Michael Jackson


Consciousness expresses itself though creation. This world we live in is the dance of the creator. Dancers come and go in the twinkling of an eye but the dance lives on. On many an occasion when I am dancing, I have felt touched by something sacred. In those moments, I felt my spirit soar and become one with everything that exists.
I become the stars and the moon. I become the lover and the beloved. I become the victor and the vanquished. I become the master and the slave. I become the singer and the song. I become the knower and the known. I keep on dancing then it is the eternal dance of creation. The creator merge into one wholeness of joy. I keep on dancing... and dancing.. and dancing, unitl there is only... the dance.

Michael Jackson in Dangerous